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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Meu querido Pai


Quarta-feira, 27 de setembro de 1995

Meu pai montava o cavalo e ia para o campo enquanto minha mãe ficava sentada cozendo. Meu irmão pequeno, dormia e eu, uma menina solitária, andava por entre as laranjeiras, ao meio dia, e de longe ficava observando com admiração minha mãe. Como ela era bonita! Ela, também, me observava, e de vez em quando, olhando para minha agitação, sussurrava: “Psiu, não acorde o menino, e dava um suspiro...”

Que alegria ver a mãe feliz!

Bem longe meu pai, campeava a mata sem fim da fazenda. Como era bom! Ali com meus pais e meus irmãos estava a felicidade.

Aos 6 anos de idade, não conseguia expressar o quanto amava meus pais e meus irmãos. Era a maior felicidade quando papai chegava trazendo aquela cesta com frutas e aquela jaca enorme;

Sinto saudades da velha preta que gostava muito de mim. Levava-me para sua casa e m,e tratava como se eu fosse uma princesa. Nunca minha terra pareceu-me tão bela e suave como naquele verão de 1945. Saí a passear pelas ruas de terra daquele lugarejo. Pequenina, alegre e feliz, assim como meus irmãos. O rosto redondo, lindos cabelos loiros, olhos verdes, sorriso constante. Uma beleza que frementemente deixava meu pai embaraçado. Ao caminhar, observava com ternura particular as pessoas que eu conhecia. Elas me olhavam silenciosas, pareciam querer dar-me muitas coisas. Eu amava aquela gente.

Certo dia, soube que iria para a fazenda de meu tio. Eu não tinha opção. Meu desejo, minha vontade, o que se passava no meu coração, parecia não ter importância. Que aperto me deu no peito. Como fiquei triste, pois não queria partir e nem me separar de minha querida família. Mas o dia que eu desejava que não chegasse, chegou. Meu tio estava ali para me levar. Com lágrimas nos olhos, despedi-me de todos e fui a cavalo, sentada na garupa de meu tio. Parti, com uma dor no coração como se ninguém fosse sentir minha falta. Que saudade! Meu passado não volta, e nem minha infância maravilhosa. A saudade dói na alma.

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