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terça-feira, 18 de agosto de 2009




Quando a noite vinha de novo, ( a noite estava no terreiro, pretinha). No outro dia acordei bem cedinho, e novamente, admirei a manhã ensolarada, um dia radiante naquele espaço de floresta que começava do outro ado do córrego. Lembranças de minha infância, tão linda! Sempre alegre, divertida, brincalhona, não deixa nunca, transparecer que por dentro estava triste, com medo. Mas, lá no íntimo, tinha esperança de um dia ser feiz de verdade, não só de aparências, mas de coração. Temia, portanto, que minha mãe, novamente, me mandasse para longe de meus irmãos. Temia, também, ser maltratada ali, por isso, procurava sempre fazer as coisas direitinhas, não brigando, não falando muito, às vezes até me escondia para não atrapalhar alguém. E assim, fui guardando minhas alegrias. Contempava a tarde linda, caminhava por várias horas ouvindo o canto dos pássaros. E aquelas horas me proporcionavam alegria que eu não conseguia explicar. Ali era um momento que existia somente eu, a natureza e Deus. Que felicidade! E ao mesmo tempo, que medo, de novamente deixar tudo aquilo. Como dói a uma criança a solidão, a ausência de sua família! Na busca para encontrar o amor, a alegria, encontrei Deus. Aliás, ali, deitada com a cabeça sobre uma pedra, debaixo dos pés de laranjeiras, me consolava pensando e conversando com Ele. Nã sabia ao certo quem era, como era, onde estava, mas só sei que o sentia. E, isso, me animava. Sabia que os anjps estavam ao meu redor, e a vontade de obedecer a Deus era grande.
Não tenho lembranças de carinho, nem se quer de um beijo na face de meu pai ou de mãe. Sempre me senti sozinha, distante. Hoje, a solidão não me incomoda, pois aprendi a ser sozinha.

Cada momento seja alegre ou triste, é uma história que fica na lembrança. Nada passa desapercebido para uma criança. Algo por mais simples que seja, fica marcado; um carinho, um beijo, um passeio, um presente, uma paavra, uma repreensão, uma lágrima, um sorriso. São momentos que fazem uma história.

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