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segunda-feira, 13 de junho de 2011

A Princesa Obstinada


Poderoso e autoritário, o fazendeiro se achava o dono da verdade. Um dia, chamou sua única filha e lhe disse:

-Tudo o que eu tenho é seu, ou será. Como seu pai, determino o seu destino e, por isso, escolherei um bom noivo para você, um filho de uma familia poderosa, como a nossa, de modo que essa união aumente ainda mais a riqueza e o poderio das nossas familias. E quero que, até se casar, você se dedique inteiramente a esta fazenda, tendo-me total obediência.

A moça escutou em silêncio, pensou um pouco e respondeu:

-Pai, tenho pelo senhor todo respeito e admiração. Sou grata por ter vindo ao mundo como sua filha e por tudo o que aprendi com o pai e a mãe que tenho, mas não posso aceitar que o meu destino seja determinado pela sua vontade.

- Exijo que me obedeça ou deixarei de considerá-la como minha filha! - gritou o pai enfurecido.

- Pai, eu não vou me casar com alguém que nem conheço só porque o senhor mandou. Eu tenho outros planos de vida, quero... - respondeu a moça.

- Não quer nada, pois aqui quem tem querer sou eu! - gritou o homem.
No dia seguinte, expulsou a filha de casa e da terra onde viviam, mas para não ser criticado por ninguém, deu-lhe oficialmente uma terra para morar e trabalhar. Só que era um terreno totalmente inóspito: um charco pedregoso, impossível de se plantar, com um casebre caindo aos pedaços...e só. No casebre, a moça aprendeu, arduamente, a rachar lenha a capinar, e com suas economias, supria-se do básico para sua alimentação. Mas não se resignara àquela vida: começou a estudar uma forma de produzir alguma coisa naquela terra. Ao perceber que havia rãs no charco, pesquisou tudo o que havia sobre o assunto, em correspondência com uma biblioteca universitária da capital, e passou a dedicar-se à criação de rãs e escargots. Adaptou aos poucos o lugar enquanto ampliava a produção, e começou a pesquisar outras possibilidades além daquela. Um ano depois, sua produção lhe proporcionara o suficiente para manter-se confortavelmente, com a casa reformada. Dois anos depois, ela já mantinha contatos comerciais, pela internet, com vários países do mundo, negociando a exportação de rãs, de escargots e de maravilhosas orquídeas. Durante esse tempo, a fazenda de seu pai sofreu um duro revés. Depois de perder no jogo boa parte de suas propriedades, ele ficou sem recursos para investir: a fazenda estagnou, os recursos minguaram e as dívidas começaram a se acumular. Como sempre ouvia falar da prosperidade da filha, o pai resolveu visitá-la pela primeira vez naqueles dois anos de afastamento; foi lhe propor sociedade na fazenda, caso ela pudesse colaborar naquela " fase difícil que o seu pai estava atravessando", já que, afinal de contas, ela era sua herdeira. A moça o recebeu com gentileza e aceitou a proposta, com uma condição: dirigir todos os negócios da fazenda.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A HISTÓRIA DA ÁGUIA





A águia é a ave que possui maior longevidade da espécie. Chega a viver setenta anos.

Mas para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão. Aos quarenta ela está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é tão difícil!

Então a águia só tem duas alternativas: Morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar cento e cinquenta dias.

Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo.

Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só cinco meses depois sai o formoso vôo de renovação e para viver então mais trinta anos.