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sábado, 5 de dezembro de 2009

BARRADA NO BAILE


A vida na cidade era muito diferente. As pessoas eram amigas até a igreja. Depois da missa nós íamos ao largo da igreja. Era uma volta prá lá e, outra prá cá. Eu e mais três mocinhas ficávamos rodeando a igreja. Oito horas o clube Brasopolense abria. Lá era o divertimento dos jovens. Eles se reunião para dançar mas, era difícil entrar lá. Um sábado eu e mais duas amigas resolvemos entrar no clube mas, o porteiro disse: as duas podem mas, você, não! Fui barrada no baile. Por instantes fiquei triste queria muito conhecer aquele local. Eu estava com um lindo vestido mas, não foi o suficiente. Voltei para casa. Ufa, aliviada. No momento pensava em ir embora para bem longe daquele lugar e, isso aconteceu, fui embora para bem longe. Nunca mais senti vontade de voltar àquele lugar. Dei adeus para Brasópolis. Hoje a veja como uma cidade apagada e triste. Que bom que aquele porteiro me barrou. Não era um lugar para mim e, aquela foi a última vez que estive naquela cidade. A menina pobre não pode entrar no clube. Nunca pôde conhecê-lo por dentro. Hoje, após muitos anos, agradeço a Deus por ter me tirado dali. O sul não me quis mas, o nordeste me amou! Me tornei uma mulher incansável.

DA FAZENDA PARA A CIDADE


No ano seguinte meu pai achou melhor mudar para a cidade. Compramos uma casa em Itajubá. Alí meus irmãos começaram a estudar mas, eu não gostava de ir à escola. Arrumei um emprego na Fábrica de Tecido Codorna. Eu trabalhava muito, das seis da manhã até às duas da tarde. Aprendi logo o ofício. Trabalhava com três tiares. Era de ferro antigo e muito pesado. Eu com apenas doze anos, tinha uma força que vinha de Deus. Meu pai andava cada vez mais triste, ele não gostava da cidade e, com isso, ecomeçou a beber muito. Eu não podia fazer nada e, isso me deixava muito triste. Eu estava sofrendo muito. Não queria que minha família sofresse mas, sabia que Deus estava no controle de tudo. No caminho para o trabalho, todos os dias, notei um rapaz que me observava. Ficava perto do Batalhão de Engenharia foi alí que descobrir quem era aquele moço. Ele era um sargento que havia chegado de Juiz de Fora mas, sentia vergonha e procurava me esconder pois, carregava comigo uma garrafinha de café. Mas o tempo foi passando e, um dia então, ele se aproximou de mim e falou que ía se casar comigo. Aquilo me assustou então, saí correndo. Mas para surpresa de todos fiquei noiva e em dois meses já estava casada. Foi uma cerimônia linda. Estávamos muito felizes. Aí, então, começa outra História. Mas, assim é a vida, nós fazemos a nossa história. Cada irmão tem sua história, conte que faz bem. Não posso mudar o mundo mas, podemos arrumar nossa casa educando bem os nossos filhos e, isso já é um começo pois, a responsabilidade é nossa. Quem ama seus filhos cuida. Crianças precisam de amor e querem a presença da mãe por perto. Quando pensamos que é o fim, está apenas começando. A vida é cheia de alegrias, tristezas, amor, decepção. Basta ter esperança de um mundo melhor.

O DESAFIO DA COLHEITA


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Plantar, colher e viver sem medo. No mesmo ano papai começou a plantar com o dinheiro que ele emprestou do Banco do Brasil. Foi muita luta, meu pai trabalhou muito naquele ano. A terra era boa, por isso, tivemos uma ótima colheita: arroz, feijão, café e, até cana nós plantamos. Naquele tempo não tinha máquinas o trabalho, era todo manual mas, com muita boa vontade, aí a razão da melhor colheita. Tínhamos poucos empregados mas, eram todos esforçados e com muita vontade de colher melhor. Que alegria! O arroz que era colhido era secado no pátio. Não podia levar chuva e, quando ela queria cair, era uma correria grande. Ficávamos atentos quando meu pai dizia: -Corre, corre, corre. Não pode molhar o grão mas, graças a Deus, nós conseguimos ter o melhor arroz e o café daquela redondeza. Quando o meu pai saía, todos íam atraz dele pois, de segunda a sexta, tinha muito trabalho. Sábado eu e meu pai, íamos bem cedinho à feira que ficava perto de Brasópolis e, tudo o que a gente plantava, a gente vendia na feira. Meus irmãos mais velhos não gostavam de acompanhá-lo bom pra mim pois, vender e negociar, era comigo mesmo. O melhor café, o melhor milho, o melhor arroz, ovos e frangos, modéstia parte, eram da nossa banca. Papai ficava muito feliz quando conseguíamos vender tudo. Quando voltávamos para a fazenda, já era noite e o cançaso era enorme. Eu sempre dormia no jacá até chegar em casa e só acordava no outro dia. No dia seguinte quando acordava, lembro-me de papai contando aquele dinheiro e separando uma parte para pagar a prestação do banco. Meus irmãos gostavam de brincar comigo me chamavam de bebê. Na segunda-feira bem cedo papai ía ao bando, todo feliz, pagar. Ele dizia que não existia alegria maior do que pagar o que se devia, era um peso a menos para ele. E, assim, foram muitos anos felizes. Lembro-me quando minha irmã Maria Isabel nasceu. Fiquei sentada na escada até ouvir o seu choro e, aí então, chorei e todos choraram também. Foi um dia muito feliz para o meu pai. Como ele amava aquela menina. Parecia com ele. Morena de olhor grandes e pretos. Éramos uma família feliz. Eu amava muito os meus irmãos e, sempre sonhando o melhor para todos nós. Vinha a escuridão da noite. Dormíamos e, assim, sonhávamos.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Sementes de Amor


Meu pai era um fazendeiro que precisava de semente para plantar mas, não tinha dinheiro, porém, tinha muita terra e coragem para trabalhar. Papai era um homem forte como nunca vi igual: valente e corajoso. Não tinha medo de nada. Ele dizia que quem tem medo não planta. Era muita vontade de colher o melhor da terra. Ele dizia que a terra é doce para os olhos. Lembro-me dele chegando em nossa casa todo molhado. Eu ainda pequena ia correndo para recebê-lo. Ele me dizia: -Menina linda. Eu saía correndo para pegar água para lavar os seus pés e enxugá-los. Corria para poder ajudá-lo. Como era bom ver meu pai feliz! Pela manhã bem cedinho fui com ele ao Banco; ele entrou e, eu fiquei esperando por ele sentada em uma cadeira. Olhava aquela casa antiga e pensava: Aqui que está o dinheiro! Naquele tempo, tinha somente dois funcionários o gerente e o funcionário. Até hoje ouço o toque das máquinas antigas de escrever. Ficava torcendo para dar tudo certo. A esperança era grande. O gerente disse: -volte daqui três dias. Para nós, aqueles três dias eram longos. Até que chegou o dia para retornar ao banco. Vi meu pai muito ansioso porém, cheio de esperança. O gerente chegava sempre sorridente e educado. Eu ficava olhando para ele muito assustada na espera de um “sim” mas, graças a Deus, o ele disse para o meu pai: - O seu crédito foi aprovado! Num impulso de alegria e emoção, abracei meu pai muito forte, agora estava tudo bem. Em casa, todos aguardavam a novidade. Com sete anos eu já ajudava o meu pai. Naquele tempo era muito difícil conseguir um empréstimo no banco. Precisava de avalista mas, graças a Deus, nós tínhamos uma fazenda com muita terra doce. Uma lição ficou para minha vida, temos que guardar a semente para termos outras colheitas e, assim, vivemos alegres e felizes. A semente é o futuro de uma nação. Sem semente não existe plantação. Esse foi o Banco do Brasil que nos ajudou naquele momento a produzir muitas outras sementes. Temos terra boa e, abençoada por Deus.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009


Hoje, 12 de outubro de 2009, acordei assustada com uma correria dentro de casa. Todos estavam saindo para passear com os amigos. Era dia das crianças. Fiquei sozinha. Só eu e Deus. Meus pensamentos foram longe, voltaram ao passado em 1968. Naquela noite não conseguia dormir quando, ouvi um barulho, meu marido estava chegando, era três horas da madrugada. Levantei alegre e, corri ao seu encontro mas, fui surpreendida com aquelas palavras: Vou embora! Estarei partindo para o Pará à trabalho. Naquele momento tive um grande impacto, o mundo desabou. Me assustei muito pois, tinha cinco filhos que ainda eram pequenos e, que futuro eles teriam dali para frente? Fiquei parada olhando ao meu redor. Parecia um sonho, mas era verdade. Ele me disse claramente que era a última vez que ele estava ali, e que, todos os meses ele mandaria comida para as crianças. Parecia que o mundo tinha acabado para mim e para as crianças. O chão saiu dos meus pés. Eu ainda era jovem e, mesmo assim, adoeci gravemente. Emagreci muito. Estava só osso e, meus olhos muito tristes. Ainda tinha meus filhos e precisava lutar por eles. Sentei na varanda, um sol de 40 graus. a tristeza era tão grande que, nem lágrimas tinha para chorar. De repente surgiu uma senhora de cabelos brancos que falava suave e muito tranqüila. Me disse então, não fique assim. Toda essa tristeza vai passar. Não quis questionar nada. Ela me viu de longe e aproximou-se e me disse: Eu vim aqui para ajudá-la. Ela pegou sete pedras, e me disse: essa primeira pedra com a força de Deus eu tiro toda a tristeza do seu coração; a segunda pedra é para sua saúde; a terceira para a sua felicidade; a quarta para você renascer; quinta para que você tenha saúde para cuidar de seus filhos; sexta pedra, você vai ter casa e bens e a sétima pedra, você vai ser amada por todos pois tem, o amor universal, e esse, não acaba nunca. E assim, do mesmo jeito que ela surgiu, ela se foi sem eu saber para onde. A indiferença dói mais do que a fome e mata todos os sonhos. Só fica a dor mas, a dor vai e vem dentro de nós. Não tem como esquecer. Sobrevivi porque estava rodeada por anjos. Deus conhece o nosso coração e, isto para mim, é tudo. Saber que Deus está junto de nós pois, sEu amor é sobrenatural. Eu lhe pedi no momento de desespero que queria ver meus filhos crescer e, Ele com todo amor e carinho, me atendeu. Hoje, cuido dos meus netos mas, ainda as lembranças me vem muito forte que não consigo respirar. Acordei, que pesadelo horrível! Já pensou se minha vida fosse assim? Sem carinho, sem motivação, sem amigos... Vivemos com emoções alegres ou tristes. Não aprendi com tudo o tive, a ser feliz mas, sim com as crianças. São dóceis e felizes com um simples carinho que a damos e, sem pedi nada em troca. Eles não tem interesse e, são assim porque amam sem pedir nada. Como somos diferentes! É tão doce e sincero o carinho de uma criança que nós adultos ficamos a dever. É triste, mas, é assim que acontece. Só a força de Deus para fazer renascer dentro de nós.
Doce é a luz e, agradável ver o nascer do sol.

domingo, 27 de setembro de 2009

A menina Sonhadora

Alice era uma menina, morava com os tios, mas ela nunca estava feliz, corria a casa, ia no quintal, brincava com todos, as vezes atrapalhava, sua alegria era constante, para ela só existia aquele povoado, correndo pra lah e pra cá, ela queria atenção, mas todos estavam tão ocupados com o trabalho, com o gado, com as galinhas, naquele dia ela estava triste, deitou numa pedra e adormeceu...
Ela queria felicidade, procurava mas não encontrava, ela pensou: "se tivesse um passaro azul, ficaria feliz".
Foi a procura do pássaro azul, andou andou andou, foi ate a floresta, mas tudo foi em vão, ele cada vez estava mais distante, veio uma chuva muito forte, e ela queria para casa, queria ver seus tios, mas tudo era muito dificil com a chuva muito forte, acordou muito assustada, e voltou para a fazenda, como era bom, depois daquele sonho, rever os tios, a alegria era tanta que ela abraçou muito a todos, minha tia disse: "o que aconteceu com você alice? adormeci e só acordei com a chuva, todos estavam preocupados com você Alice."
Sentei perto de um pé de laranja, quando de repente ouvi um canto lindo, olhei para cima, e lá estava ele, o pássaro azul, procurei ele ate em sonhos, lah estava ele cantando feliz, pude compreender, que a procura da felicidade nao esta longe de nós, esta tão perto que mal percebemos, a felicidade estava ali perto da minha familia, dos meus tios, compreendi que muitas vezes procuramos longe a felicidade, mas ela esta junto de nos, bem pertinho.
hoje Alice esta feliz e em paz.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009



Segunda-feira, 1º de Março de 1999

Estou sozinha, sozinha perto da praça a espera de um táxi debaixo de minha sombrinha, que me protege da chuva que é constante, Ali, parada, penso e reflito sobre tantas coisas passadas e tantas coisas presentes. Penso sobre a razão do meu viver. Com certeza. outrora já fui muito mais feliz; já me senti mais amada, mais querida, com mais amigos a me rodear. A solidão do presente me incomoda, me entristece, me desmotiza. Será que a amizade é algo real? Onde estão tantos amigos que eu tinha? E os que me cercavam na infância? A busca da alegria entristece. Por que a alegriatem que ir? Ela poderia ficar sempre aqui, como na infância. Independente da escassez ou da abundância. A gente era feliz. Parece que a idade nos separa das pessoas. Será mesmo? Será que quanto mais dinheiro se tem mais alegria se vai? Outro táxi passa, estava ocupado, por isso não pára, a chuva, então, se torna forte. Observo calada a praça; tantas pessoas. Sinto-me só no meio de uma multidão de gente que vai e vem, todas inquietas com as suas próprias amarguras ou alegrias. Mais um táxe passa, dessa vez, vazio, mas não pára. Abaixo a sombrinha para observar melhor a rua. Uma gota de chuva cai sobre meu rosto. Algo enche meu coração! Era Ele. Deus, Ele estava me ouvindo, ou melhor, me entendendo. Ele entendeu o que eu sentia. Aquele lugar, no momento, se tornou para mim um paraíso, um lugar onde eu pude sentir a presença de um amigo sincero, verdadeiro e presente. Outro táxi passou e parou. Dessa vez, eu não quis ir. Sentei-me no banco da praça e ali chorei, chorei. Eu não estava chorando sozinha. Ele em todo momento estava ali. Os pingos da chuva se misturavam às minhas lágrimas. Que encontro maravihoso tive com Deus.

A luz é semeada para o justo, e a alegria para os retos de
coração. Alegrai-vos, ó justos, no Senhor, e rendei graças ao seu santo
nome. Dai louvores em memóriada sua santidade
Salmo 97,11,12
Que Teu Espírito me dê graça, paz e amor. Somente pelo Espírito é que o amor se torna real, deixando o sentido de palavra para se tornar algo concreto, que brota do mais íntimo do ser. Enchendo o coração de propósitos sagrados, propósitos santos, propósitos divinos. É pelo Espírito que os olhos vêem mais do que a letra; os ouvidos ouvem algo além dos ruídos; ouve e sentem que, para o cristão, o serviço deixa de ser umaexistência monótona, rotineira para tornar-se em uma vida abundante. A comunhão com o Filho nos torna participantes da natureza divina, onde Jesus reina, no meu coração, com toda honra!

Hoje, dia 29 de setembro de 1995, sinto mais forte ainda, a presença de Deus comigo. O amor do Senhor me cobre, me consola, me anina. O Senhor é a minha fortaleza e faz os meus pés como os da corça e me faz andar altaneiramente.

terça feira, 2 de Outubro de 1995

O tempo vai passando e eu estou com medo. Assusta-me saber que o teu olhar está em todas as partes, me cercando por todos os lados, me observando. Como é boa e gostosa a comunhão que me faz ficar sintonizada contigo, ´meu Deus. Sinto, no meu íntimo aquela necessidade de agradar-te, de ter os teus pensamentos e a tua vontade dentro de mim. Não existe prazer maior do que oferecer-se a Deus com o coração aberto, que prazeroso é servi-lo sem murmuração e com alegria. A vontade de Deus seja feita. Somos desafiados pela Palavra de Deus a amar de fato, de forma concreta e não somente de palavra.



Quando a noite vinha de novo, ( a noite estava no terreiro, pretinha). No outro dia acordei bem cedinho, e novamente, admirei a manhã ensolarada, um dia radiante naquele espaço de floresta que começava do outro ado do córrego. Lembranças de minha infância, tão linda! Sempre alegre, divertida, brincalhona, não deixa nunca, transparecer que por dentro estava triste, com medo. Mas, lá no íntimo, tinha esperança de um dia ser feiz de verdade, não só de aparências, mas de coração. Temia, portanto, que minha mãe, novamente, me mandasse para longe de meus irmãos. Temia, também, ser maltratada ali, por isso, procurava sempre fazer as coisas direitinhas, não brigando, não falando muito, às vezes até me escondia para não atrapalhar alguém. E assim, fui guardando minhas alegrias. Contempava a tarde linda, caminhava por várias horas ouvindo o canto dos pássaros. E aquelas horas me proporcionavam alegria que eu não conseguia explicar. Ali era um momento que existia somente eu, a natureza e Deus. Que felicidade! E ao mesmo tempo, que medo, de novamente deixar tudo aquilo. Como dói a uma criança a solidão, a ausência de sua família! Na busca para encontrar o amor, a alegria, encontrei Deus. Aliás, ali, deitada com a cabeça sobre uma pedra, debaixo dos pés de laranjeiras, me consolava pensando e conversando com Ele. Nã sabia ao certo quem era, como era, onde estava, mas só sei que o sentia. E, isso, me animava. Sabia que os anjps estavam ao meu redor, e a vontade de obedecer a Deus era grande.
Não tenho lembranças de carinho, nem se quer de um beijo na face de meu pai ou de mãe. Sempre me senti sozinha, distante. Hoje, a solidão não me incomoda, pois aprendi a ser sozinha.

Cada momento seja alegre ou triste, é uma história que fica na lembrança. Nada passa desapercebido para uma criança. Algo por mais simples que seja, fica marcado; um carinho, um beijo, um passeio, um presente, uma paavra, uma repreensão, uma lágrima, um sorriso. São momentos que fazem uma história.


Eu estava perto da mesa quando meu tio chegou e perguntou: - Qual é o seu nome meninazinha de olhos verdes?
E eu lhe respondi: - Eu preciso dizer para o senhor tudo de novo? Então lhe falei bem devagarzinho para que não mais se esquecesse: - Meu nome é Maria Nazareth e não posso ficar muito tempo aqui. Eu era ainda menina. mas me vestia como uma pessoa adulta. Parecia uma viúva pequenina com aquele vestido triste de listras pretas e brancas. Como me doia vesti-lo, mas, não tinha outro jeito, pois era o único que eu tinha. Meu tio me deu um sapato, pois eu só andava descalça. Fiquei olhando sem parar para os meus pés com o sapato novo.
Um novo ano se iniciava, 1955, e a minha vida eram sempre a mesma. Aquela tristeza me acompanhava. A saudade e a tristeza de ficar longe da minha gente me doía muito, mas finalmente, outra fase de minha vida chegou. Graças a Deus, as coisas seriam diferentes. Estava cheia de amor e carinho para dar, mas não tive a recepção que esperava, parecia que não ligaram para mim, mas nada melhor do que estar em minha terra natal. Naquele verão de 1955, tudo me pareceu mais suave e belo do que nunca.
Novamente saí num passeio de despedida pelas ruas da fazenda. Chegando em casa, com ternuraa particular, olhei as laranjeiras que tantas coisas já haviam me ouvido falar. Elas pareciam me entender.
Por eu ser muito sentimental, minha história se tornava mais delicada. Eu estava, então profundamente triste de ter que me ausentar novamente, de minha tão querida família. Beleza maior não tem do que não ter, do que sentir saudades. E minhaa infância ficou marcada por tantas idas e vindas, por tantas despedidas.

Sinto saudades das tardezinhas quando ia escurecendo e das manhãs ensolaradas. Que felicidade! Ria de tudo. Tudo era engraçado!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009



Ali existia muito respeito, muita simpatia, mas amor... Amor não existia. Certa vez, perto da mesa, estava uma mulher que trabalhava alheia e indiferente à tudo. Aproximei-me dela, sorrindo-lhe alegre e expontânea, mas entre nós parecia existir um vácuo infinito. De repente, meu tio chegou e ao me ver solitária, falou-me: " a Maria é surda e muda". Levei um grande susto! Fiquei surpresa, pois já estava censurando-a por não ter me dado nen sequer um pouquinho de atenção. Mas, mesmo sem poder conversar comigo, ela permaneceu ali, como se eu fosse alguém importante. Eu permanecia alegre e feliz, não deixando transparecer para ninguém a tristeza e a angústia que por dentro tomava conta de mim. Bem que me diziam que a terra era doce para os pés e para as vistas, mas o lugar era triste.

Quando chegava a noite, que tristeza. Sozainha ali naquele quarto, como meu coração doía ao lembrar lá de casa. Dormia chorando, chorando baixinho!
Dizem que criança é feliz, mas nem todas.


Retornei à casa de meus pais. Para mim, sempre era uma festa ali. Era um pedacinho do céu. Parecia que nunca mais ia sair daquele lugar, mas que ilusão. Outra vez precisei voltar para a casa de minha madrinha, mais ou menos em 1958. Quando cheguei, olhei com amor ao meu redor. Com uma expressão amiga e cheia de alegria, fui recebida por minha madrinha. Não sabia, ao certo, expressar a sensação que senti ao vê-la, ali me aguardando ansiosa. Mulher bondosa. Queria conversar com ela, me abrir, dizer-lhe do meu sofrimento longe de minha família, de minha saudade, e tantas coisas que eu não tinha com quem falar. Mas, que me adiantaria querer falar-lhe. Sei que ela não iria me dar atenção. Quando anoitecia naquele lugar sem luz e quieto, não me restava mais nada a fazer, a não ser dormir no colchão de palha. A noite era longa, mas quando o dia chegava, apressava-me para ver a natureza, correr, brincar e admirar a imensa floresta que começava do outro lado do córrego. Que lindo!

Delizadezas nem sempre são suficientes para se conquistar alguém ou alguma coisa. Meus gestos, minhas palavras são tão pequenas como eu, e tão loiros que esboçados à somra, mal se destacam no escuro quase imperceptível. Me movo, meus passos são inaudíveis fetos como se pisasse sempre em tapetes. As mãos tão leves que, uma carícia minha, seria mais branda que a brisa da tardezinha. Não ofereço perido lagum. Sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro. Sou transparente e clara como água limpa quando tocada delicadamente para lavar as mãos ou mesmo levá-la ao rosto para se refrescar, mas se tocada com dedos bruscos, num segundo, me estilhaço em cacos. Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas. dos muitos toques, embora os tenha evitado. Aprendi que minhas delicadezes nem sempre são suficientes para despertar a simpatia alheia. mesmo assim, insisto, não desisto. Meus gestos e minhas palavras, muitas vezes, são tristes...

sábado, 8 de agosto de 2009

Fotos Inesquecíveis 2



Minha família

FOTOS INESQUECÍVEIS...

Eu, à esquerda, e minhas irmãs


Eu, à esquerda, em pé e meus irmãos

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Meu querido Pai


Quarta-feira, 27 de setembro de 1995

Meu pai montava o cavalo e ia para o campo enquanto minha mãe ficava sentada cozendo. Meu irmão pequeno, dormia e eu, uma menina solitária, andava por entre as laranjeiras, ao meio dia, e de longe ficava observando com admiração minha mãe. Como ela era bonita! Ela, também, me observava, e de vez em quando, olhando para minha agitação, sussurrava: “Psiu, não acorde o menino, e dava um suspiro...”

Que alegria ver a mãe feliz!

Bem longe meu pai, campeava a mata sem fim da fazenda. Como era bom! Ali com meus pais e meus irmãos estava a felicidade.

Aos 6 anos de idade, não conseguia expressar o quanto amava meus pais e meus irmãos. Era a maior felicidade quando papai chegava trazendo aquela cesta com frutas e aquela jaca enorme;

Sinto saudades da velha preta que gostava muito de mim. Levava-me para sua casa e m,e tratava como se eu fosse uma princesa. Nunca minha terra pareceu-me tão bela e suave como naquele verão de 1945. Saí a passear pelas ruas de terra daquele lugarejo. Pequenina, alegre e feliz, assim como meus irmãos. O rosto redondo, lindos cabelos loiros, olhos verdes, sorriso constante. Uma beleza que frementemente deixava meu pai embaraçado. Ao caminhar, observava com ternura particular as pessoas que eu conhecia. Elas me olhavam silenciosas, pareciam querer dar-me muitas coisas. Eu amava aquela gente.

Certo dia, soube que iria para a fazenda de meu tio. Eu não tinha opção. Meu desejo, minha vontade, o que se passava no meu coração, parecia não ter importância. Que aperto me deu no peito. Como fiquei triste, pois não queria partir e nem me separar de minha querida família. Mas o dia que eu desejava que não chegasse, chegou. Meu tio estava ali para me levar. Com lágrimas nos olhos, despedi-me de todos e fui a cavalo, sentada na garupa de meu tio. Parti, com uma dor no coração como se ninguém fosse sentir minha falta. Que saudade! Meu passado não volta, e nem minha infância maravilhosa. A saudade dói na alma.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

3º BEC - Onde ficamos 35 anos atrás

Saudades...

Brasópolis - Minha cidade Natal


Muitas vezes visitei esta casa na minha infância







Venceslau Brás Pereira Gomes- Primo irmão de meu avô - João Pereira Gomes

Minha Homenagem à minha mãe Ditinha - Benedita Pereira Gomes

Segunda feira, 22 de setembro de 1995

Estou feliz com minha querida mãe. 81 anos de idade, resistente a tudo. Meu Jesus, como amo minha mãe querida. Eu a vejo como uma árvore com raiz forte, onde nem o vento e nem a chuva tiram a sua força. Para mim, uma rainha. Que idade maravilhosa! O tempo não apagou sua beleza. Tão meiga, andando com passos lentos, silenciosos e elegantes. Tantas coisas já vividas. Quando fala de algo, sempre tem começo e fim. Quanta energia! Nunca vi igual! Não quero ver lágrimas em seus olhinhos azuis como o céu. Quero vê-la sempre feliz, contando seus casos, suas experiências, sua alegria e até suas tristezas. Como é linda, minha mãe! Imagino a sua juventude; olhos azuis turqueza, cabelos castanhos escuros, corpo perfeito, com certeza, era difícil encontrar moça mais bela naquela redondeza. Lembro-me ainda, quando eu era criança, ficava às vezes parada, observando sua beleza, seus gestos. Gostava de vê-la feliz.
Após um período de fartura, com a guerra, veio a escassez. Aqueles imensos campos com plantação de café, por falta de compradores, tiveram que ser queimados. Eu ainda não havia nascido, mas as consequências estavam ali. Tudo que meu pai adquiria com sacrifício, logo a se desfazer. Não tínhamos dinheiro, mas a terra nos dava o alimento que necessitávamos.
Vivíamos eu, meus pais e meus irmãos, em uma fazenda em Brasópolis. Lugar lindo e tranquilo, longe e de4sligado, completamente, da agitação do mundo. Mundo; o opoosto do nosso cantinho, mundo que não se entendia, estava virado de cabeça prá baixo, só ódio, disputas, desavenças... O mundo estava em guerra. Triste guerra! Mas, ali, na fazenda, éramos felizes. Para nós, não existia guerra. Agradeço a meu Jesus querido, por me dar o privilégio, juntamente com meus irmãos e meus pais, de vivermos anos felizes, de crescermos num lugar tão lindo, calmo e tranquilo.

Ronaldo - Brilha muito no coríntians



Davi com o Ronallldo - No Canadá

terça-feira, 28 de julho de 2009

Água do Céu

Dona Maria tinha uma cisterna cheia de água da chuva. Todos os dias me dava um balde de água para beber. Todos os dias agradeço a Deus por aquela água do céu e agradeço também a Deus por ter pessoas tão lutadoras num lugar tão seco. Quando somos jovens tudo é bom. Em 68, o Amazonas e todo o nordeste era um mundo esquecido, mas graças a homens bons, retos como aqueles militares, valentes como nunca vi em toda a minha vida. encaramos tudo com disposição.
O sol queimava e a terra era seca... Assim era esse ano com muita luta e pouca água. Uma região esquecida; sem água, sem luz, sem gás... Mas nós tínhamos a coragem para enfrentar todas essas dificuldades. Assim era aquela tempo. E hoje? Não é mais...
Lages-Rio Grande do Norte
Minha singela homenagem à Maria Pequena