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sábado, 5 de dezembro de 2009

BARRADA NO BAILE


A vida na cidade era muito diferente. As pessoas eram amigas até a igreja. Depois da missa nós íamos ao largo da igreja. Era uma volta prá lá e, outra prá cá. Eu e mais três mocinhas ficávamos rodeando a igreja. Oito horas o clube Brasopolense abria. Lá era o divertimento dos jovens. Eles se reunião para dançar mas, era difícil entrar lá. Um sábado eu e mais duas amigas resolvemos entrar no clube mas, o porteiro disse: as duas podem mas, você, não! Fui barrada no baile. Por instantes fiquei triste queria muito conhecer aquele local. Eu estava com um lindo vestido mas, não foi o suficiente. Voltei para casa. Ufa, aliviada. No momento pensava em ir embora para bem longe daquele lugar e, isso aconteceu, fui embora para bem longe. Nunca mais senti vontade de voltar àquele lugar. Dei adeus para Brasópolis. Hoje a veja como uma cidade apagada e triste. Que bom que aquele porteiro me barrou. Não era um lugar para mim e, aquela foi a última vez que estive naquela cidade. A menina pobre não pode entrar no clube. Nunca pôde conhecê-lo por dentro. Hoje, após muitos anos, agradeço a Deus por ter me tirado dali. O sul não me quis mas, o nordeste me amou! Me tornei uma mulher incansável.

DA FAZENDA PARA A CIDADE


No ano seguinte meu pai achou melhor mudar para a cidade. Compramos uma casa em Itajubá. Alí meus irmãos começaram a estudar mas, eu não gostava de ir à escola. Arrumei um emprego na Fábrica de Tecido Codorna. Eu trabalhava muito, das seis da manhã até às duas da tarde. Aprendi logo o ofício. Trabalhava com três tiares. Era de ferro antigo e muito pesado. Eu com apenas doze anos, tinha uma força que vinha de Deus. Meu pai andava cada vez mais triste, ele não gostava da cidade e, com isso, ecomeçou a beber muito. Eu não podia fazer nada e, isso me deixava muito triste. Eu estava sofrendo muito. Não queria que minha família sofresse mas, sabia que Deus estava no controle de tudo. No caminho para o trabalho, todos os dias, notei um rapaz que me observava. Ficava perto do Batalhão de Engenharia foi alí que descobrir quem era aquele moço. Ele era um sargento que havia chegado de Juiz de Fora mas, sentia vergonha e procurava me esconder pois, carregava comigo uma garrafinha de café. Mas o tempo foi passando e, um dia então, ele se aproximou de mim e falou que ía se casar comigo. Aquilo me assustou então, saí correndo. Mas para surpresa de todos fiquei noiva e em dois meses já estava casada. Foi uma cerimônia linda. Estávamos muito felizes. Aí, então, começa outra História. Mas, assim é a vida, nós fazemos a nossa história. Cada irmão tem sua história, conte que faz bem. Não posso mudar o mundo mas, podemos arrumar nossa casa educando bem os nossos filhos e, isso já é um começo pois, a responsabilidade é nossa. Quem ama seus filhos cuida. Crianças precisam de amor e querem a presença da mãe por perto. Quando pensamos que é o fim, está apenas começando. A vida é cheia de alegrias, tristezas, amor, decepção. Basta ter esperança de um mundo melhor.

O DESAFIO DA COLHEITA


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Plantar, colher e viver sem medo. No mesmo ano papai começou a plantar com o dinheiro que ele emprestou do Banco do Brasil. Foi muita luta, meu pai trabalhou muito naquele ano. A terra era boa, por isso, tivemos uma ótima colheita: arroz, feijão, café e, até cana nós plantamos. Naquele tempo não tinha máquinas o trabalho, era todo manual mas, com muita boa vontade, aí a razão da melhor colheita. Tínhamos poucos empregados mas, eram todos esforçados e com muita vontade de colher melhor. Que alegria! O arroz que era colhido era secado no pátio. Não podia levar chuva e, quando ela queria cair, era uma correria grande. Ficávamos atentos quando meu pai dizia: -Corre, corre, corre. Não pode molhar o grão mas, graças a Deus, nós conseguimos ter o melhor arroz e o café daquela redondeza. Quando o meu pai saía, todos íam atraz dele pois, de segunda a sexta, tinha muito trabalho. Sábado eu e meu pai, íamos bem cedinho à feira que ficava perto de Brasópolis e, tudo o que a gente plantava, a gente vendia na feira. Meus irmãos mais velhos não gostavam de acompanhá-lo bom pra mim pois, vender e negociar, era comigo mesmo. O melhor café, o melhor milho, o melhor arroz, ovos e frangos, modéstia parte, eram da nossa banca. Papai ficava muito feliz quando conseguíamos vender tudo. Quando voltávamos para a fazenda, já era noite e o cançaso era enorme. Eu sempre dormia no jacá até chegar em casa e só acordava no outro dia. No dia seguinte quando acordava, lembro-me de papai contando aquele dinheiro e separando uma parte para pagar a prestação do banco. Meus irmãos gostavam de brincar comigo me chamavam de bebê. Na segunda-feira bem cedo papai ía ao bando, todo feliz, pagar. Ele dizia que não existia alegria maior do que pagar o que se devia, era um peso a menos para ele. E, assim, foram muitos anos felizes. Lembro-me quando minha irmã Maria Isabel nasceu. Fiquei sentada na escada até ouvir o seu choro e, aí então, chorei e todos choraram também. Foi um dia muito feliz para o meu pai. Como ele amava aquela menina. Parecia com ele. Morena de olhor grandes e pretos. Éramos uma família feliz. Eu amava muito os meus irmãos e, sempre sonhando o melhor para todos nós. Vinha a escuridão da noite. Dormíamos e, assim, sonhávamos.