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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Relembrando o NATAL do guido!



Ajude uma criança a ser feliz...
Nazareth Velloso
História de um natal que aconteceu na minha vida:

Querida, você sabe que a minha vida é de luta. Quando me casei e fui morar no Nordeste, a 35 anos atrás, era uma pobreza tão grande que na feira só tinha banana verde, coco e carne de bode. Mas, graças a Deus, eu venci todos os obstáculos. Os meninos da aldeia, gostavam muito de mim. Eles caçavam rolinhas. Era a nossa carne de domingo. Mas, fui muito feliz com meus filhos. Não tinha luz, muito menos televisão. Minha saia era muito cumprida (pois não usava calcinha). Nem um chinelo eu tinha. Só tinha um fogão de lenha e tinha que tirar água do açude. Vida muito difícil. Para cortar a lenha, nem tinha machado. Um dia ganhei um, mas não tinha lenha. Não sei como sobrevivemos ali, foi coisa de Deus. À noite, as camas de ferro do quartel e nem uma cadeira para sentar. Quando meu marido chegava com seus colegas, eu me escondia de tão assustada. Tinha medo de tudo. Minha vida começou a melhorar. Um sargento ficou com muito dó da gente e mandou uns pratos e colheres para mim. À noite fiquei acordada pensando como eu iria sair daquela situação. Fui na feira muito distante, comprei uma galinha e um galo. A alegria das crianças com os animais era grande. Passavam o dia brincando. Muitas vezes esperava a galinha botar um ovo para poder fazer para as crianças. Mas, eu tinha uma força tão grande, que vinha de Deus. Uma alegria tão grande, pois eu estava perto dos meus filhos e não precisava de mais nada. Os meninos da aldeia para me agradar levavam para as crianças: passarinhos, papagaio... Um dia ganhei um pequenino peru. As crianças ficaram felizes. Era o divertimento delas. Guido era como se fosse da família. Mas...


Chegou o Natal... Queria fazer uma grande ceia, rica... Não sabia o que fazer. Se eu matasse a galinha, ela não botaria mais. Ah! Resolvi! Matei o Guido. Fiz aquela ceia linda. Mas a alegria durou pouco... Quando as crianças deram falta do Guido, sairam chamando o bicho. Guido! Guido! Foi o Natal mais triste da minha vida. Era só choro. Quando as crianças descobriram que o Guido estava na mesa, assado e pronto para ser comido, foi aquela choradeira. Foi muito triste. Como eu ia trazer o Guido de volta? Ninguém teve coragem de comer o "Guido". Mas, tudo passou e as crianças esqueceram daquele Natal triste, sem o Guido. Nunca mais em minha vida quiz ver ninguém matar uma ave. Foi uma lição para mim. As crianças eram felizes, com o Guido. Aprendi uma coisa: "Todas nós, esposas de militares temos uma missão - Compromisso com a Pátria, com os filhos e com o esposo". Com o trabalho, no sol de 40°, um sol que queimava todos os sonhos, as esposas Tinham que se contentar só com os filhos. Ficamos viúvas solitárias, muitas vezes, sem uma casa para morar e filhos para educar, mas somos corajosas e fortes; porque aprendemos com eles a sermos assim. Uma coisa me entristece:"É o governo não dar valor nas viúvas. Acham que somos um peso para a nação. Todas as pessoas tem um preconceito com as viúvas dos militares, mas nós continuamos com a nossa missão - de que criar os filhos, educá-los, preparando-os para a vida". Obrigado meu Deus, por ter me dado tanta força. Sou alegre e triste às vezes, porque quero ajudar a todos. Não sou perfeita, mas procure ser melhor a cada dia. A todos os militares que me ajudaram, minha homenagem...

Lages - PI

sexta-feira, 8 de novembro de 2013