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domingo, 30 de maio de 2010

O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa;

Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira, Belo belo.

"O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado, é servo do que empresta." Pv 22:7


Tristemente, Nazareth

A tecelã


Toca a sirene na fábrica
e o apito como um chicote
bate na tua cama
no sono da madrugada.

Ternuras da áspera lona
pelo corpo adolescente.
É o trabalho que te chama.
às pressas tomas banho,
tomas teu café com pão,

De tudo quanto ele pede
dás só bom dia ao patrão,
e recomeças a luta
na engrenagem da fiação.

Teces tecendo a ti mesma,
na mesma maquinaria,
como se entrasses inteira
na boca do tear e desses
a cor do rosto o e dos olhos
e o teu sangue à estamparia

Os fios dos teus cabelos
entrelaças nesses fios
e outros fios dolorosos
dos nervos de fibra longa.

Vestes as moças da tua
idade e dos teus anseios,
mas livres da maldição
do teu salário mensal,
com o desconto compulsório,
com os infalíveis cortes
de uma teórica assistência,
que não chega na doença
nem chega na tua morte.

Com essa policromia
de fazendas, todo dia,
ilumina os passeios,
brilha nos corpos alheios.

Toca a sirene da fábrica
e o apito como um chicote
bate neste fim de tarde,
bate no rosto da lua.
Vais de novo para o bote.
Navegam fome e cansaço
nas águas negras do rio.

Há muita gente na rua,
parada no meio-fio.
Nem liga importância à tua
blusa rota de operária.

Mauro Mota

Lembranças de Nazareth ( a tecelã) - Itajubá

sábado, 29 de maio de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O perigo das mensagens proféticas!


E o povo observando, se estremeceu, e ficou de longe. Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos.(Êx 20.18-19)

Eu estava de pé, na frente da igreja, olhando as pessoas que vinham ao altar para receber uma mensagem profética do senhor. Duas horas depois, muitas ainda se achavam ali, aguardando sua vez. Senti um aperto no coração.
"Senhor, tem alguma coisa errada. Por que sinto o coração tão pesado com toda essa atividade profética?"
Tenho um profundo respeito pelo dom da profecia. Eu própria tive manifestações do dom durante várias anos. Entretanto, há certos momentos em que me vejo seriamente preocupada pelo modo como o povo de Deus age em relação aos profetas.
Vivemos um momento de crescente conscientizarão acerca do reino espiritual. Sabemos de pessoas famosas que confessam que consultam astrólogos. A cada dia que passa, a coluna de horóscopo em nossos jornais torna-se mais popular. Parece que quase todo mundo está atrás de alguem que possa revelar-lhe o desconhecido.
Há vezes em que percebo essa mesma curiosidade doentia entre o povo de Deus. Fiquei a indagar-me quantos daqueles amados irmãos que se dispuseram a ficar mais de duas horas esperando uma palavra de profecia teriam passado esse mesmo tempo em oração e no estudo da palavra para ouvir diretamente a voz do Pastor?
O objetivo básico do dom de profecias não é fornecer-nos uma mensagem nova do Senhor nem dar-nos uma orientação para nossa vida. Sua função básica é trazer-nos CONFIRMAÇÃO das mensagens do Senhor que já recebemos. O senhor está ansioso para ter uma comunhão íntima com os seus.

Que a voz dos profetas seja hoje uma ratificação do que nosso Amigo íntimo já nos comunicou "no escoderijo do altíssimo". Vamos dar mais valor ao fato de que somos ovelhas dele." Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiantes delas, e elas o seguem porque reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele porque não conhecem a voz dos estranhos"(Jo 10.4-5). Como está escrito: " As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem" (Jo.27).
Extraído da revista Mensagem da cruz.

Nazareth...

Capa "Protetora"





O primeiro capítulo de Isaías é terrível. O profeta não mede as palavras. Não se omite. Não respeita a sensibilidade de ninguém. Não deixa por menos. Isaías levanta a cortina. Abre o verbo. Fala a verdade. Acaba com a hipocrisia. Destrói as falsas proteções. Diz que o animal é mais consciencioso que o homem. Diz que o povo está andando para trás. Diz que não há diferença entre eles e Sodoma e Gomorra. Diz que Deus não os agüenta mais. Manda parar com as expressões de culto. Expulsa-os do templo. Diz que eles estão gravemente enfermos, desde a planta dos pés até a cabeça. Fala de coisas repugnantes, como feridas, contusões e chagas inflamadas.

De tudo, porém, o que mais assusta o leitor do capítulo um de Isaías é a declaração de que os acusados não reagem, de que os doentes não se tratam, de que os imundos não se lavam, de que os culpados não se confessam. Embora estejam gravemente enfermos, dos pés à cabeça, e cobertos de feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não são espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo. Não se faz nada. Não se esboça nenhuma reação. A cegueira é total. A insensibilidade apavora o profeta. Enquanto isso, o povo oferece “multidões de sacrifícios”, celebra todas as festas religiosas, enche os átrios da casa de Deus e multiplica as orações. Mas continua doente, continua sem tratamento, continua em pecado. A situação é gravíssima. Não fosse a longanimidade do Senhor, eles já teriam sido completamente arrasados como Sodoma e Gomorra.

Tamanha falta de lógica acontece também hoje. É uma das mais sutis e devastadoras conseqüências do pecado: a eterna tentativa do homem de associar o culto com a degradação. O culto transforma-se numa capa protetora para a impiedade — uma capa que não cobre coisa alguma. A única solução, no entanto, é a convicção de pecado e a conversão a Deus. Não há outra saída.


Revista Ultimato Ed. Mais que Vencedores

sábado, 15 de maio de 2010

Um lugar ao Sol


Saí cedo e fui trabalhar numa casa de familia, trabalhei o dia todo. No fim da tarde , chegou um caminhão de lenha e a senhora da casa olhou para mim e disse: "Pegue esta lenha e a ponha para dentro do quintal". Só que era muita lenha, mais não tinha outro jeito, colocava os troncos de lenha no ombro, e ia conseguindo com a força de Deus , fazer o serviço. Já era noite, quando cheguei em casa. Só tinha dez anos de idade, fui direto para cama. No dia seguinte as minhas costas estavam sangrando e minha mãe, Benedita Velloso, olhou indignada para minhas costas e me disse: Você nunca mais irá voltar para trabalhar naquela casa , mais mesmo assim fui trabalhar. As duas filhas da dona da casa que eu trabalhava, estudavam no colégio em Brasópolis, fiquei olhando e queria muito estudar, mais era muito difícil, as duas meninas riram de mim e eu saía chorando de lá , nunca mais voltei. Não podia estudar, então fui trabalhar em uma fábrica de tecidos. Era Getúlio, todos tinham que trabalhar. A situação era crítica e triste.
A vida foi dura pra mim, mais estava sempre alegre com tudo que me acontecia.

No Próximo conto como cheguei até a fabrica de tecidos para trabalhar.

Agente não nasce mulher...
...torna-se mulher!!!

Simplesmente Maria.

Nada é pesado para quem tem asas

No dia seguinte , fui até a casa do Presidente Wenceslau Brás levar uma carta de minha mãe . Era hora do almoço, a empregada me conhecia desde pequena, foi fácil entrar lá.Esperei o Presidente até a hora do almoço. A empregada foi até ele disse : Tem uma menina loira que quer entregar uma carta para o senhor, e ele disse: Quem é? - A empregada respondeu: É a neta de João Gomes Pereira. Ele disse: Mande ela entrar . Ele estava de costas, sentado numa cadeira grande de rei. Ele me perguntou o que eu queria e eu lhe disse que minha mãe havia lhe enviado uma carta para ele. Ele virou a cadeira e me disse: Quantos anos você tem menina? Tenho 10 anos. Quando você fizer 12 anos , vai trabalhar sim. E eu aproveitei para lhe fazer um pedido. Senhor Presidente , queria estudar no colégio de freiras em Brasópolis. Então ele me disse: Vai e diga para o gerente da fábrica de amorim que eu mandei você lá , para trabalhar . Assim o fiz , comecei a trabalhar naquela fábrica . Era triste e sombria . O frio era tão forte que eu ia tremendo , sem muito agasalho e o meu sapato era de sola de pneu de caminhão para durar, porque a caminhada era longa até começar mais um dia de trabalho. O primeiro pagamento era pouco , porque ganhava meio salário e minha carteira foi assinada como se tivesse 18 anos.Era assim na época de Getúlio Vargas(PTB) e este não suportou a pressão e se matou, ele estava só.
Esta história não foi só minha e sim de muitos os que viveram na geração de 50. Esta era a realidade do povo. Não tinha escola , só trabalho para os menos favorecidos. Era a divisão ricos e pobres . Não havia privilégios para os que trabalhavam.
O Preisidente Wenceslau Brás morreu no dia 15/05/1966 , eu Maria Nazareth já estava casada e por coincidência , quem ficou ao lado no seu velório , foi o meu marido que era Militar do Batalhão de Engenharia de Itajubá -MG . PAra o meu marido foi uma honra velar o Presidente. Ele viveu muito, porque Deus era com ele, era um exemplo de homem lutador, honesto e feliz. Hoje a sua casa se tornou um Patrimônio Histórico

Simplesmente Nazareth