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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Capa "Protetora"





O primeiro capítulo de Isaías é terrível. O profeta não mede as palavras. Não se omite. Não respeita a sensibilidade de ninguém. Não deixa por menos. Isaías levanta a cortina. Abre o verbo. Fala a verdade. Acaba com a hipocrisia. Destrói as falsas proteções. Diz que o animal é mais consciencioso que o homem. Diz que o povo está andando para trás. Diz que não há diferença entre eles e Sodoma e Gomorra. Diz que Deus não os agüenta mais. Manda parar com as expressões de culto. Expulsa-os do templo. Diz que eles estão gravemente enfermos, desde a planta dos pés até a cabeça. Fala de coisas repugnantes, como feridas, contusões e chagas inflamadas.

De tudo, porém, o que mais assusta o leitor do capítulo um de Isaías é a declaração de que os acusados não reagem, de que os doentes não se tratam, de que os imundos não se lavam, de que os culpados não se confessam. Embora estejam gravemente enfermos, dos pés à cabeça, e cobertos de feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não são espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo. Não se faz nada. Não se esboça nenhuma reação. A cegueira é total. A insensibilidade apavora o profeta. Enquanto isso, o povo oferece “multidões de sacrifícios”, celebra todas as festas religiosas, enche os átrios da casa de Deus e multiplica as orações. Mas continua doente, continua sem tratamento, continua em pecado. A situação é gravíssima. Não fosse a longanimidade do Senhor, eles já teriam sido completamente arrasados como Sodoma e Gomorra.

Tamanha falta de lógica acontece também hoje. É uma das mais sutis e devastadoras conseqüências do pecado: a eterna tentativa do homem de associar o culto com a degradação. O culto transforma-se numa capa protetora para a impiedade — uma capa que não cobre coisa alguma. A única solução, no entanto, é a convicção de pecado e a conversão a Deus. Não há outra saída.


Revista Ultimato Ed. Mais que Vencedores

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