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sábado, 5 de dezembro de 2009

O DESAFIO DA COLHEITA


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Plantar, colher e viver sem medo. No mesmo ano papai começou a plantar com o dinheiro que ele emprestou do Banco do Brasil. Foi muita luta, meu pai trabalhou muito naquele ano. A terra era boa, por isso, tivemos uma ótima colheita: arroz, feijão, café e, até cana nós plantamos. Naquele tempo não tinha máquinas o trabalho, era todo manual mas, com muita boa vontade, aí a razão da melhor colheita. Tínhamos poucos empregados mas, eram todos esforçados e com muita vontade de colher melhor. Que alegria! O arroz que era colhido era secado no pátio. Não podia levar chuva e, quando ela queria cair, era uma correria grande. Ficávamos atentos quando meu pai dizia: -Corre, corre, corre. Não pode molhar o grão mas, graças a Deus, nós conseguimos ter o melhor arroz e o café daquela redondeza. Quando o meu pai saía, todos íam atraz dele pois, de segunda a sexta, tinha muito trabalho. Sábado eu e meu pai, íamos bem cedinho à feira que ficava perto de Brasópolis e, tudo o que a gente plantava, a gente vendia na feira. Meus irmãos mais velhos não gostavam de acompanhá-lo bom pra mim pois, vender e negociar, era comigo mesmo. O melhor café, o melhor milho, o melhor arroz, ovos e frangos, modéstia parte, eram da nossa banca. Papai ficava muito feliz quando conseguíamos vender tudo. Quando voltávamos para a fazenda, já era noite e o cançaso era enorme. Eu sempre dormia no jacá até chegar em casa e só acordava no outro dia. No dia seguinte quando acordava, lembro-me de papai contando aquele dinheiro e separando uma parte para pagar a prestação do banco. Meus irmãos gostavam de brincar comigo me chamavam de bebê. Na segunda-feira bem cedo papai ía ao bando, todo feliz, pagar. Ele dizia que não existia alegria maior do que pagar o que se devia, era um peso a menos para ele. E, assim, foram muitos anos felizes. Lembro-me quando minha irmã Maria Isabel nasceu. Fiquei sentada na escada até ouvir o seu choro e, aí então, chorei e todos choraram também. Foi um dia muito feliz para o meu pai. Como ele amava aquela menina. Parecia com ele. Morena de olhor grandes e pretos. Éramos uma família feliz. Eu amava muito os meus irmãos e, sempre sonhando o melhor para todos nós. Vinha a escuridão da noite. Dormíamos e, assim, sonhávamos.

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